terça-feira, 13 de novembro de 2007

Se me ponho a cismar em outras eras
Em que ri e cantei, em que era querido,
Parece-me que foi noutras esferas,
Parece-me que foi numa outra vida...

E a minha triste boca dolorida,
Que dantes tinha o rir das primaveras,
Esbate as linhas graves e severas
E cai num abandono de esquecida!

E fico, pensativo, olhando o vago...
Toma a brandura plácida dum lago
O meu rosto de monge de marfim...

E a lágrima que choro, branca e calma,
Ninguém a vê brotar dentro da alma!
Ninguém a vê cair dentro de mim!
(adap. F.E.)